30 agosto 2011
Philosophy, a very short introduction
Philosophy, a very short introduction
Edward Craig
Oxford University Press, 2002
Nesta pequena introdução à filosofia o professor da Cambridge University nos convida a pensar sobre tres questões fundamentais da filosofia: o que devemos fazer? O que está a nossa frente - ou em que consiste a realidade? E, por último, em que consiste o próprio saber? O que já nos leva a indagar sobre as questões clássicas da filosofia: quem sou eu, de onde vim, e para onde vou. Também chamadas de questões primeiras, o que não significa que sejam as primeiras que devamos responder, senão as mais consequentes. Uma vez que não pode abarcar a maior parte das doutrinas filosóficas desde a antigüidade clássica, o autor escolhe poucos autores. Através do diálogo Crítias de Platão, faz um balanço do pensamento de seu mestre Sócrates, de seu julgamento e condenação à morte. Diante da possibilidade de se exilar, Sócrates prefere tomar a cicuta ensinando pela primeira vez a seus discípulos o maior dos princípios morais: age de modo a que possas dar a todos a permissão de agir da mesma forma. Princípio que será retomado dois séculos depois por Kant na Crítica da Razão Prática. O segundo pensador é David Hume, nascido da escola do iluminismo escocês, que no seu Tratado sobre a natureza humana, de 1740, funda o princípio do empirismo, que só admite como método de busca da verdade aquilo que passa pelos sentidos humanos. Neste sentido, Hume refuta o idealismo de Descartes que, de certa maneira, dava continuidade ao pensamento platônico. Por esta escolhas, o autor nos leva a refletir sobre um dos principais dualismos da filosofia que oscila entre doutrinas mais baseadas no idealismo e outras mais baseadas no materialismo. Umas mais racionalistas e outras mais empíricas, como que reproduzindo as dualidades da própria existência e experiência humanas entre corpo e mente, ou no limite de sua percepção, o figurativismo e abstracionismo na expressão artística.
Outro momento rico do texto é quando o autor sublinha as teorias contratualistas da filosofia política que tratam do surgimento e da missão do estado e dos governantes como consequências naturais e lógicas da adoção dos princípios morais da liberdade de escolha e das responsabilidades civis. Outra vez retoma o princípio maior do consequencialismo moral: nossas condutas são más ou boas segundo o que podem causar a outrem. O que já estava presente no trecho do julgamento de Sócrates em Platão. E que justifica a função judiciária como função prioritária do Estado e a sua própria razão de ser. Apresenta-nos a partir daí o pensamento de Descartes, Hegel, Darwin e Niezsche e suas relações com o progresso das descobertas científicas da tradição racionalista-iluminista. Na verdade, o método cartesiano da busca da verdade pela dúvida resulta diretamente da evolução da astronomia de Copérnico, ou da razão direta da decadência da fé metafísica pela comprovação do sistema heliocêntrico do universo. Pulando inexplicavelmente a obra de Kant, sobretudo pela importância de sua filosofia moral, o autor nos leva direto a Hegel cuja filosofia da história, através do conceito do espírito do tempo, vai fundamentar dialeticamente tanto a esquerda materialista quando a direita conservadora. A importância de Darwin para o pensamento filosófico é mais pelo vigoroso debate que provoca a sua obra científica sobre a evolução das espécies do que propriamente pela sua filosofia. O que está em jogo mais uma vez é a compreensão da justa medida do homem diante da complexidade da natureza. O que vai possibilitar revoluções morais como a obra de Nietzsche e mesmo a de Freud. A primeira localizando na tradição judaico-cristã os princípios morais e a segunda abrindo para a consciência humana as suas vicissitudes animais. Embora seja arbitrária as escolhas do autor, deixando fora de sua introdução filosófica autores como Aristóteles, Tomás de Aquino, Spinoza, Kant, Locke, Rousseau, Marx e Freud, apenas para citar alguns, não deixa de ser um brilhante encerramento a escolha de John Stuart Mill com pelo menos três de suas grandes contribuições para a história da filosofia: o princípio político de busca da felicidade do Utilitarismo, a definição da liberdade civil como produto do estado de direito e a defesa premonitória da condição feminina.
Vale a pena acessar:
http://books.google.com/books/about/Philosophy.html?id=EgJsqJ32iwAC
Leia o livro na íntegra:
http://files.uniteddiversity.com/More_Books_and_Reports/Oxford_Very_Short_Introduction_Series/Philosophy%20-%20A%20Very%20Short%20Introduction%3B%20Edward%20Craig%20(Oxford%20University%20Press,%202002).pdf
http://www.learnoutloud.com/Audio-Books/Philosophy/History-of-Philosophy/Philosophy-A-Very-Short-Introduction/18078
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