30 abril 2011

Cidadômetro e o déficit de atuação do cidadão


Um dos pontos pelo qual mais nos batemos nos programas de mídia, de internet, de educação corporativa, de consultoria e de edição de materiais de nosso Instituto é o entendimento e difusão do que chamamos da verdadeira ou plena cidadania. E sobretudo no que isso implica numa tomada de atitude política pelos cidadãos: mais do que solidariedade e civilidade, consciência de direitos e deveres, cidadania implica numa conduta de participação política e controle social sobre governantes, mandatos, orçamentos e desempenho das instituições. Afinal, se somos principalmente cidadãos eleitores e pagadores de impostos, temos um dever de protagonismo perante o resto da sociedade. Trocando em miúdos, temos o dever de agir pelo bom uso dos recursos públicos, sempre através do bom uso das instituições de Estado, que devem estar mais a serviço dos cidadãos do que dos governantes de ocasião, assim como temos também o dever de procurar engajar outros cidadãos nessa conduta de participação política.
Neste momento é que cabe a pergunta sobre o tamanho desse déficit de engajamento da cidadania. E em princípio podemos afirmar que é do tamanho do déficit público do país! E vai perdurar até quando não compreendermos que não podemos mais nos limitar a sermos apenas solidárias ou apenas conscientes de seu papel? Quantos de nós temos o exato entendimento de que é preciso atuar, e não apenas observar, ainda que criticamente?
Pensando nisso, A Voz do Cidadão está lançando no âmbito do espaço público o seu Cidadômetro, no posto 10 da praia de Ipanema, Rio de Janeiro, como um contraponto do famoso Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo.
Através de uma viatura equipada com um megafone, vamos convidar o cidadão a participar das enquetes que vão medir o grau de atuação de cidadania daquela região, bairro ou localidade. E a partir dos três graus: os cidadãos solidários, os cidadãos conscientes e os cidadãos atuantes, computando os votos em um sinalizador que ficará no alto do veículo, para acompanhamento de todos.
Nesse primeiro momento, a ideia é acompanhar as pautas da imprensa para chamar a atenção do cidadão para a ocupação do espaço público. Ele vai votar, ser levado à reflexão, checar o resultado da enquete e eventualmente poderá registrar seu depoimento para servir de estímulo a outros cidadãos. Caso se proponha a atuar de fato junto a seus familiares, colegas e conhecidos, pode ainda escolher um de nossos panfletos sobre cultura de cidadania de uma coleção de mais de 50 edições temáticas. Além de avaliar o grau de atuação de cidadania através de perguntas, o Cidadômetro vai procurar transmitir valores, ao fazer o indivíduo refletir sobre consciência política, os conceitos de público e de privado, de propriedade, de liberdade, de estado e de governos e, principalmente, do que seja a ação política.
Começaremos na zona sul do Rio de Janeiro, na orla da praia fechada para o lazer dos transeuntes aos domingos, mas podemos seguir por toda a cidade e até mesmo levar o Cidadômetro para outros estados. Tudo depende de patrocinadores, que preferimos que sejam empresas e entidades privadas. Pois não há registro na história do capitalismo, graças ao niilismo do pensamento liberal e o otimismo de sua ação política, de empresas bem sucedidas em sociedades fracassadas, tampouco de empreendedores que não deram limites a governantes corruptos, quando o contrário, o de que governantes podem destruir empresas independentes de seus favores, a história está cheia. Venha participar. Só precisa ter voz!