30 janeiro 2010

Lula, o filho do Brasil


Lula, o filho do Brasil, de Fábio Barreto

Embora Dom Pedro I já tivesse feito a consagração do Brasil a Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte, logo após a Independência, entendeu que o Brasil precisava ter um santo padroeiro oficialmente autorizado pelo Papa. Assim, devoto que era de São Pedro de Alcântara – santo espanhol do século XVI, solicitou ao Papa que fizesse do mesmo o Santo Padroeiro do Brasil, tendo o Papa concordado. Todavia, por ter talvez o mesmo nome do imperador que abdicou do trono brasileiro pelo de Portugal, mas sobretudo pela imensa popularidade da lendária história do surgimento de Nossa Senhora Aparecida, a partir da República, cai no gosto do povo a preferência pela santa padroeira. Assim, é que poucos sabem do padroeiro real enquanto todos reconhecem em Nossa Senhora Aparecida a padroeira eleita pelo povo. E, como muito já se comentou sobre a bravura emblemática da mulher brasileira, uma vez que assume de fato a função de chefe de família, muito se tem comentado sobre a tradição de abandono dos filhos pela irresponsabilidade civil da figura paterna, sendo que se aponta como filhos sem registro e reconhecimento paterno quase 30% dos brasileiros segundo recentes pesquisas demográficas.
O filme sobre a história de vida de nosso presidente, na verdade pretende tratar da história de vida da maioria dos brasileiros. Como dizem seus produtores, é um filme de drama familiar e não político, muito embora toda a polêmica sobre arte autônoma ou mera propaganda político-eleitoral tenha ofuscado a apreciação do filme em si.
O filme foi superestimado na mídia como veículo de mitificação dos segmentos mais baixos da população, que não tem tanto acesso a cinemas, e subestimado pelas classes mais altas que têm todo acesso possível. A questão que está a ser respondida, portanto, é se a popularidade da figura do presidente pode de fato ser transferida, se não para um filme, pelo menos para sua candidata, e em que grau de sucesso. O que nos parece curioso é o pouco caso que as elites brasileiras dão às escolhas do povo. Se não a seus santos prediletos, pelo menos a seus heróis civis e políticos. Quando heróis são absolutamente necessários ao sentimento de patriotismo, civismo e de pertencimento a uma cultura. Heróis são símbolos de identidade cultural, como língua, costumes, crenças e valores. E Lula, filho do Brasil, é filho de uma mãe abandonada e ciosa de seus deveres. É filho sem pai, de um todo um Brasil órfão da figura protetora de um pai responsável, um grande líder que lhe aponte caminhos, um estadista da envergadura de D. Pedro II ou Getúlio Vargas, que deram suas vidas pelo bem da maioria e por ela são reconhecidos no imaginário político popular. Se agora só temos companheirada, isto só confirma a ausência paterna, simbolizada pela Justiça na tradição ocidental, a omissão das elites em participar da vida política. O que confirma também o déficit de cidadania. Visite
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